terça-feira, 5 de novembro de 2013

''Os Mandarins'' - Simone de Beauvoir



Os mandarins, de Simone de Beauvoir, retrata com extrema fidelidade e senso crítico os caminhos e descaminhos do existencialismo e dos homens e mulheres que o viveram  e difundiram. Sem ser uma autobiografia complacente nem uma reportagem fria e objetiva, trata-se de "uma evocação comovente de um grupo, de uma época, de um estado de espírito, e um dos melhores romances do nosso tempo", segundo o escritor André Maurois.

Título Original; Les Mandarins- Éditions Gallimard,1954- 799 págs.
Recomendo-maravilhoso!!

Trecho do capítulo XII
Esta manhã, ele falava com Henri, diziam que era necessário recomeçar, que a gente sempre recomeça, que não se pode agir de outro modo, traçavam planos, discutiam. É eu lhe olhava os dentes. Só isso é leal num corpo: os dentes, nos quais o esqueleto se descobre.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

A ILUSÃO DA ALMA - Biografia de uma ideia fixa





"E se a busca da verdade científica sobre o Homo sapiens resultar na descoberta do nosso autoengano cósmico?.E se  a retidão cognitiva desaguar, por fim, na loucura? O que prevalece: a verdade a todo custo ou a sanidade mental?"
Eduardo Giannetti

Recomendo! Este e também "Auto-Engano", maravilhosos!


sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Verdadeira História do Alfabeto”



O livro é belíssimo, poético. Sensacional.  Em “A Verdadeira História do Alfabeto”, a autora Noemi Jaffe, ed. Companhia das Letras, mistura personagens verdadeiros e inventados, por exemplo, Bach e Borges. Os textos curtos podem ser lidos como contos, separadamente. Ficção e história, verdade e imaginação; no surgimento de todas as letras e alguns verbetes do dicionário.

trecho
...Rijskmussen e Maarten se alegraram, começaram a perder o medo das cobras, que havia mais de dez minutos não se mexiam em absoluto, mantendo a posição inicial de encurvamento e saudação à serpente amiga. Foi nessa situação que Maarten, o mais esperto dos dois, percebeu que a forma que as cobras haviam assumido podia perfeitamente completar a letra do pequeno alfabeto que vinha aprendendo, onde faltava um símbolo para designar os cordões do navio, a região inglesa da Cornualha, o cachimbo — tão apreciado pelos navegadores — e até as próprias cobras, que, talvez por carência de uma letra que lhes designasse o nome, ainda assustavam tantos passantes, inutilmente, pois, como se testemunhava, eram seres educados e honestos.

Noemi Jaffe. Escritora, doutora em Literatura Brasileira e professora da PUC-SP


Recomendo!!!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"Doze contos peregrinos"

Estes doze extraordinários contos- história de solidaõ- foram selecionados pelo autor, de entre os muitos que escreveru durante duas dezenas de anos. Num belíssimo prefácio, ele explica o que o levou a escrever pequenas histórias, qual foi o processo de escrita, onde as escreveu, porque as abandonou ao esquecimento, como selecionou estas doze, o prazer que tirou da sua escrita.

São histórias de seres solitários, onde personagens imaginados se cruzam com personagens da vida real, numa Eurpoa do pos -guerrra. São histórias brilhantes de amor, poder e morte, um retratro de costumes recriado com sensibilidade, ironia e humor.
As doze histórias são inesquecíveis. Minha preferida: 

"Maria dos Prazeres", a história de uma mulata esbelta de setenta e seis anos,  há cinquenta anos a exercer a profissão de prostituta em Barcelona, e que na sequência de um sonho que lhe revelou sua própria morte, decide acertar com uma agente funerário todos os pormenores do seu funeral.


Recomendo! Amei todos!






segunda-feira, 18 de março de 2013

A Fúria do Corpo

A  fúria do corpo é considerado o livro mais barroco de João Gilberto Noll, uma obra que traça o percurso atordoante e cruel de uma história de amor.  Dois seres que fazem de tudo para manter seu caso de amor. Ela, uma prostituta-mendiga. Ele, sem nome, passado ou profissão. Dominado por um erotismo sem limite, transbordando inquietação, angústia, sofrimento e beleza.

Trecho: Afrodite está de pé em cima de um banco do calçadão da Atlântica e em volta o bloco de sujos a saúda pulando em círculo, Afrodite me vê e vejo que seus seios estão quase inteiramente à mostra fugindo do vestido amarelo vivo rasgado e sujo de graxa pó e sangue, mas Afrodite é a deusa da celebração dos sujos, Afrodite me vê agora mais próximo e convida a que eu participe da festa ao bezerro de ouro dos sujos ela fala, eles serão atingidos pela ira divina só na quarta-feira-de-cinzas, por enquanto me celebram e cantam minha beleza minha carne, santo é o Carnaval senhor da alegria, santa é a simulação da festa, santo é o nome da beleza da carne, santa é a histeria da promiscuidade, santo é o fingimento do encanto, santo santo santo o bloco dos sujos grita num compasso de marcha, santo santo santo eu entôo na minha voz de barítono, ...

Apaixonada por este livro :o) recomendo!



domingo, 17 de março de 2013

"Auto- engano"


Este livro toma como ponto de partida o fenômeno do engano no plano biológico. Mostra como um vírus que altera sua própria estrutura química para iludir o sistema imunológico e como o pássaro que deposita seus ovos em ninho alheio apresentam pontos de contato inesperados com a propaganda enganosa a que assistimos na televisão ou com as artimanhas de um sedutor. Na esfera humana, o engano conta com uma arma poderosa: a linguagem. Entretanto, se enganar outro ser humano é uma ação que pressupõe um descompasso de informação, enganar a si mesmo não seria um impossibilidade lógica? Se posso enganar o outro, é pelo fato de ele não saber algo que conheço. Mas como enganar a mim mesmo, se para tanto parece necessário que eu não saiba o que de fato sei? A aparente contradição é afastada quando percebemos que o fulcro do autoengano está na capacidade que temos de sentir e acreditar sinceramente que somos aquilo que não somos.

“Só engana a si mesmo quem quer”.

Eduardo Giannetti: Nasceu em Belo Horizonte, em 1957. Formou-se em economia e ciências sociais na USP e obteve PhD na Universidade de Cambridge. Atualmente é professor na Faculdade de Economia da USP e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

É excelente !!!


quinta-feira, 7 de março de 2013

A nova mulher

Neste livro,Colasanti inicia a sua reflexão sobre a ‘nova mulher’, tematizando a questão da independência para as mulheres que foram educadas para serem esposas e mães. Através do texto “Independência, que bonita que é”, a escritora põe em questão a valorização do casamento pela sociedade brasileira, tornando privilegiadas as meninas casadoiras e paralelamente desprestigiadas aquelas que, embora não eliminassem a possibilidade de se casarem, não coloca o matrimônio como prioridade ou fim último.
  
Mas a heroina da classe não era eu. Eram as duas meninas, que desde o início do ano exibiam as suas alianças e certezas no futuro, enquanto as outras, menos afortunadas, batiam as estacas de sua segurança na escolha de um bom rapaz, namorado firme. Não erca costume, não ficava bem uma moça de família pensar em independência. (COLASANTI,1980, p.11)

"...quando a gente é independente tem mesmo que arcar com as próprias culpas..." (COLASANTI,1980, p.12)

Uma delícia de livro, recomendo.!!!