quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"A Sensibilidade do Intelecto"

Fayga Ostrower aborda neste livro a sensibilidade e o intelecto, em conjunto, como fonte da imaginação e do poder criativo dos homens. Sempre baseada em exemplos concretos, a autora mostra que, nas várias épocas, existem correspondências significativas entre o pensamento artístico e o científico
 Leandro Konder, escritor e filósofo, escreveu: "Neste livro Fayga Ostrower se debruça, com paciência, sobre alguns dos problemas mais complexos e mais importantes da estética. Examina com incansável atenção o modo inevitavelmente ativo e seletivo que os seres humanos têm de perceber a realidade, o contexto em que se encontram: antes da percepção, os sujeitos humanos já estão predispostos a interpretar as impressões que lhes chegam de acordo com certas conveniências vitais.

A percepção, como nos ensinam os teóricos da “Gestalt”, é uma síntese. E não é “neutra”. Fayga nos convida a refletir sobre o fato de estarmos sempre construindo e reconstruindo imagens globais em nossas mentes, num “jogo” cujas regras estão constantemente mudando. E nos adverte que: os momentos em que conseguimos comunicar algo significativo sobre o nosso encontro com a 'beleza essencial' são momentos gloriosos. “Sentimo-nos vivos, inteiramente vivos, e ainda participando de uma Humanidade Maior'".


A Sensibilidade do Intelecto – Ed. Campus- RJ- 1998.
- Prêmio Literário Jabuti, 1999-

É maravilhoso!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Crivo de Papel"

 O livro reúne quinze dos ensaios mais recentes de Benedito Nunes. Alguns têm como centro  a Literatura ( Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, a historiografia literária do Brasil), enquanto outros põem em foco a Filosofia e os seus vínculos com a História, a Teologia, a Ética, a Poesia. Em todos eles, o leitor encontra a lucidez e a vitalidade características de um dos nossos maiores autores.

O traço que sempre distinguiu Benedito Nunes no ambiente intelectual brasileiro foi sua capacidade de aliar, com muita propriedade, a análise literária e a filosófica numa mesma experiência de leitrua e reflexão. Nela, literatura e filosofia não se curvam uma diante da outra, mas ambas cooperam, questionando-se e iluminando-se reciprocamente.

Deslumbrante!!!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Tempo Vivo da Memória

Neste livro de admirável sensibilidade humana, Ecléa Bosi explora o campo de experiência pessoal com os eventos do dia-a-dia, registrados na lembrança, contados para outrem. Não é a memória que se tranca em si mesma, mas a que partilha seus conteúdos quando há um ouvido disponível e atento, e que os define, no próprio ato de contar. Há uma história oficial, a dos manuais e das datas importantes que todos nós quando estudantes, e sob protesto, tivemos de decorar. À que se refere Ecléa é outra história, a de cada um, construída ao longo da vida, a partir de um cotidiano muitas vezes corriqueiro, mas sempre relevante.  A toda hora, somos capazes de recuperar aspectos de nosso passado: é como se nos contássemos histórias a nós mesmos, alguns chegam a registrá-las em forma de diário.  Mas o relato primordial é o que pode ser feito a outras pessoas: através dele, o que vivemos e que é bem nosso ganha uma dimensão social, obtém testemunhas (mesmo que a posteriori), faz com que os outros ampliem sua experiência, através das nossas palavras. Há troca e cumplicidade.  César Ades

Viver, para Contar (a vida), o título das memórias de Gabriel García Marquez, serve para todos nós. Viver algo notável gera a necessidade de contar: você sabe o que eu vi? Você sabe o que me aconteceu? E tudo o que nos acontece é notável porque nos concerne. É interessante notar que estudiosos supõem ter a linguagem se originado, em nossa espécie, a partir da representação de situações sociais; talvez se possa dizer, parafraseando García Márquez, que se nos lembramos é para poder contar.

Excelente!!!


segunda-feira, 18 de julho de 2011

"1968 - Eles só queriam mudar o mundo”


Regina Zappa e Ernesto Soto

Narra os principais eventos políticos e culturais  e as mudanças de comportamento da época, no Brasil e no mundo. Escrito pelos jornalistas Regina Zappa e Ernesto Soto em luguagem emocionada, com suspense e opinião, é organizado mês a mês, como um verdadeiro almanaque ilustrado da geração que disse não ao conformismo.

Esse olhar crítico, quatro décadas depois, é reforçado pro entrevistas com e personalizadas que viveram o período, como os compositores Chico Buarque e Edu Lobo, o ex- deputado Wladimir Palmeira, o documentarista  Vladimir Carvalho, o filósofo Alcione Araújo. Com histórias saborosas, letras de músicas e listas de filmes e canções, o livro conta ainda com colaborações inéditas.

É excelente!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Um caminho com o coração"

Talvez o livro mais importante até agora escrito sobre meditação, sobre o processo de transformação interior e a integração da prática espiritual no modo de vida atual. Um caminho com o coração traz à tona, um por um, todos os desafios da vida espiritual no mundo moderno. Escrito por um psicanalista, professor e mestre em meditação de renome internacional, este livro inspirador e especializado percorre uma vasta gama de questões essenciais, incluindo várias que raramente são tratadas em obras dessa natureza. Desde a compaixão, os vícios e a cura psicológica e emocional, desde o trato com problemas que envolvem os relacionamentos e a sexualidade até a criação de uma simplicidade e equilíbrio zen em todas as facetas da vida, fala às preocupações de muitos buscadores espirituais modernos, tanto os que se iniciam no caminho como os que já têm muitos anos de experiência. Um Caminho com o Coração oferece ao leitor uma série de técnicas, de práticas, de meditações dirigidas, de histórias, de Koans e de outras pérolas da sabedoria milenar que podem ajudar o leitor em sua jornada.

Sobre o Autor: Jack Kornfield – Doutor em psicologia, psicanalista e instrutor budista. Autor de vários livros. Recebeu seu treinamento de monge budista na Tailândia, na Índia e na Birmânia. Desde 1974, tem ensinado meditação no mundo inteiro e foi um dos principais introdutores da prática do budismo theravada no Ocidente. O foco de seu trabalho é a integração dos grandes ensinamentos espirituais do Oriente à cultura do Ocidente, de um modo acessível ao estudante ocidental.

Excelente!!!

sábado, 18 de junho de 2011

'Língua Crônica' de Fernanda Aragão

Prefácio
Um olhar que rói os ossos e ajoelha a língua

A Fernanda de Aragão é sintagma, não solidão. Traz em si a doença crônica dos sujeitos. Ora mansa, ora não, ela conjuga o verbo em todos os pronomes e solta a mão no teclado para descer a língua. Combinada. “Tá, vocês venceram, eu me rendo!” Foi no entremeio do jogo da vida que ela resolveu se publicar. E fazer mais disso e daquilo, e também. Ela, a pessoa, das escolhas, “as minhas escolhas. Eu que isso, eu que aquilo”. Registra. As palavras, no texto da Fernanda, rebolam. - Ah, sim. Interface, a medida mais exata do entre. Nem mais e nem menos. Do tamanho. E, trincolejam. Todo mundo quer é estar dentro mesmo estando fora. O que me faz buraco e o que me lota, o que me deixa furo. Nós isto, nós aquilo, nós para todo lado. E vai e vem. Ela pede desculpa à certeza das palavras, só quer é prosear.Reflexiva, desnuda-se. Os pensamentos feitos no esforço de se revelar existir uma inocência que se fez madura antes que ela se desse por conta. De uma forma atemporal, fazem da letra subjetividade, vaticina. Há um tu que está no limite. Há um quê que grita, apita, duvida. A língua agoniza.Criativa, ela se institucionaliza em texto “na abertura de meus capitais EU S/A jurei transparência, honestidade e lealdade”. E se impacienta logo para trico-tricos e lero-leros cheios de estrelinhas e sóiszinhos. Sua escrita é firme. Ágil. Nela vêm Zé Damasco, Feliciana, Maria Olívia, a bi Francisca e por que não um eu ou um você, no andamento e no compasso? Não se pode negar, há quem faça da narrativa do outro seu próprio sonho de liberdade. O texto espelha. A calma aparente lhe maquia a face, disfarça o barulho por metro quadrado que ela, em ficção, teme. E, no real a irrita. É tão presente que Fernanda em recortes poetiza: “Há sempre ruídos desconexos pelo meu corpo, os sons da cidade que ficam perambulando, perambulando, perambulando. [...] Deveria existir um eu em algum lugar da cidade. Então quando eu quis me encontrar, me encontrei urbe. [...] Faz tempo que eu não me pertenço, olhos no horizonte, edifícios abandonados”. A crônica a encontra. É para além da nova tendência “mulheres seguras, homens assustados” que Fernanda escreve. Ela inventa, pois gente de pacote incomoda e sua sina é encontrar gente com gente de verdade e não com imitação. Ainda que no papel. O suporte de você num outro. Língua Crônica. São instantes feitos para rever um quem sou. Sem aspas se constrói a autora. E eu, plagiando, a leio. Afinal, nascemos, vivemos e morremos metáforas lidas por um outro em quem nos reconhecemos (ou não). Em cem páginas ou mais, não menos. Ou foi o “meu” olhar Maputo?
Solange Pereira Pinto

eu simplesmente adorei!!!!

  

sábado, 11 de junho de 2011

"Os 100 melhores contos de Humor"

Nesta antologia, magistralmente organizada pelo escritor Flávio Moreira da Costa, o leitor vai encontrar quase três mil anos de excelente literatura. Uma literatura de caráter específico e que vicejou mesmos nos momentos históricos mais sombrios: a literatura de humor. De Homero a Veríssimo reúne-se aqui o melhor do gênero. Tanto quanto a arte de contar histórias, imperiosa necessidade humana, a capacidade de rir tem se mostrado indispensável à sobrevivência da espécie ri do que está à volta e, sobretudo, rir de si mesmo. Os tipos de humor, como aqui se verifica, são os mais diversos. Tão numerosos quanto os autores que o vê praticando. O humor pode ser brincalhão, infantil. Ou ganhar contornos mais densos, transformando-se em sátira, crítica social ou de costumes. Pode ser franco, resultando em gargalhada, ou ser mais voltado à reflexão, contido, sutil.

O riso, como se sabe, faz bem ao corpo e à alma.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Amor Líquido - Sobre a fragilidade dos laços humanos"

A noção de liquidez, quando se refere às relações humanas, tem um sentido inverso ao empregado nas relações bancárias, a disponibilidade de recursos financeiros. A liquidez de quem tem uma conta polpuda no banco, acessível a partir de um comando eletrônico é capaz de tornar qualquer desejo uma realidade concreta. É um atributo potencializador. O amor líquido, ao contrário, é a sensação de bolsos vazios. É preciso deixar claro que Bauman não se propõe a indicar ao leitor fórmulas de como obter sucesso nas conquistas amorosas, nem como mantê-las atraentes ao longo do tempo, muito menos como preservá-las dos possíveis, e às vezes inevitáveis, desgastes no decorrer da vida a dois. Não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas, nunca houve. Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de mercadorias falsificadas.

Zigmunt Bauman – Ex-Professor emérito de sociologia nas Universidades de Varsóvia e de Leeds, na Inglaterra, com vários livros traduzidos para o português, e o tema recorrente em sua obra são os vínculos sociais possíveis no mundo atual, neste tempo que se convencionou denominar de pós-modernidade.

É ótimo!!!!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

EROTISMO E LITERATURA

É sempre temerário descartar o erótico do texto literário, assim como deixar de entendê-lo a propósito de uma relação dinâmica e criadora de respostas interpretativas. Com esse pressuposto e considerando o erótico como representação cultural, Erotismo e literatura rastreia e explicita espetáculos eróticos elaborados em diferentes momentos da literatura brasileira. Certamente abrirá novos e instigantes caminhos interpretativos aos leitores que ousarem o prazer da leitura, a leitura como jogo erótico.

Jesus Antonio Durigan, Doutor em Letras, foi professor da Universidade Estadual de Campinas, e autor de artigos publicados no Brasil e no exterior sobre a teoria do texto narrativo e análises da ficção brasileira.

Excelente! -Relendo-

segunda-feira, 9 de maio de 2011

"O mestre da suspeita"

Dentre os lançamentos, que marcaram o centenário de morte de Nietzsche, o livro de maior impacto é certamente esse pequeno volume de apresentação do filósofo alemão escrito por Oswaldo Giacoia Junior. Lançado pela Publifolha, 2000- (divisão de publicações do grupo que edita o jornal Folha de SPaulo).
Em Folha explica Nietzsche, o filósofo Oswaldo Giacoia Junior nos mostra claramente que a permanência da "suspeita" nietzscheana se deve justamente ao fato de que esse demolidor das ilusões metafísicas não poupa a anda - não podendo, portanto , se curvar aos propósitos de Estados ou instiutições que sempre serão tributárias da fé em suas próprias representações.

"Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denunica a moralidade e a política moderna como transformação vulgarizada de antigos valores metafísicos e religiosos, numa conjuração subterrânea que conduz ao amesquinnhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social".  Manuel da Costa Pinto.

Simplesmente maravilhoso, recomendo!



quinta-feira, 5 de maio de 2011

Leitura Múltiplos Olhares

Regina Célia De Carvalho

Leitura: mútliplos olhares apresenta um rol de visões atuais de estudiosos e  especialistas  em linguagem,     preocupados com o fenômeno da leitura. São visões atualíssimas, vindas da Desconstrução, da Psicanálise, da Análise do Discurso, da Hermenêutica e do Sócio-interacionismo que, embora sob certos aspectos constituem discuros em tensão, dialogam entre si de forma instigante e criativa.
Este livro, caracteriza-se por apresentar uma heterogeneidade de abordagens teóricas, de propostas de análise e de diretivas para o ensino, que o tornam leitura obrigatória para todos aqueles que se interessam pelo tema leitura.                  Excelente!!!

domingo, 1 de maio de 2011

Auto-Engano

Este livro toma como ponto de partida o fenômeno do engano no plano biológico. Mostra como um vírus que altera sua própria estrutura química para iludir o sistema imunológico e como o pássaro que deposita seus ovos em ninho alheio apresentam pontos de contato inesperados com a propaganda enganosa a que assistimos na televisão ou com as artimanhas de um sedutor. Na esfera humana, o engano conta com uma arma poderosa: a linguagem. Entretanto, se enganar outro ser humano é uma ação que pressupõe um descompasso de informação, enganar a si mesmo não seria um impossibilidade lógica? Se posso enganar o ouro, é pelo fato de ele não saber algo que conheço. Mas como enganar a mim mesmo, se para tanto parece necessário que eu não saiba o que de fato sei? A aparente contradição é afastada quando percebemos que o fulcro do auto-engano está na capacidade que temos de sentir e acreditar sinceramente que somos aquilo que não somos.

“Só engana a si mesmo quem quer”.

Eduardo Giannetti: Nasceu em Belo Horizonte, em 1957. Formou-se em economia e ciências sociais na USP e obteve PhD na Universidade de Cambridge. Atualmente é professor na Faculdade de Economia da USP e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).


quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Coruja- Aluísio de Azevedo



De linhagem macediana,  “O Coruja” centra-se nos mesmos problemas da classe média oitocentista (casamento, mancebias, dinheiro, heranças, intrigas etc.)., se bem que com mais largueza analítica.


“Estou certo de que nenhum outro romancista, como Aluísio de Azevedo, se presta tanto como documento para os sociólogos e os historiadores que venham a estudar e definir a sociedade provinciana e metropolitana do Segundo Reinado”. Álvaro Lins.


Adorei!!!!




terça-feira, 26 de abril de 2011

IDÉIAS FIXAS,

de João Cabral de Melo Neto - Félix de Athayde:


Segundo João Cabral, " A pessoa torna-se mais lúcida, mais criativa, mais capaz, se tem uma obsessão. A partir desta afirmativa, Félix de Atahyde, jornalista e amigo pessoal de João Cabral, reuniu entrevistas do poeta, publicadas ao longo de cinqüenta anos , e delas extraiu as obsessões do escritor. Suas idéias fixas foram  distribuidas nesse livro, por verbetes, como num dicionário.
Belíssimo livro.