segunda-feira, 18 de março de 2013

A Fúria do Corpo

A  fúria do corpo é considerado o livro mais barroco de João Gilberto Noll, uma obra que traça o percurso atordoante e cruel de uma história de amor.  Dois seres que fazem de tudo para manter seu caso de amor. Ela, uma prostituta-mendiga. Ele, sem nome, passado ou profissão. Dominado por um erotismo sem limite, transbordando inquietação, angústia, sofrimento e beleza.

Trecho: Afrodite está de pé em cima de um banco do calçadão da Atlântica e em volta o bloco de sujos a saúda pulando em círculo, Afrodite me vê e vejo que seus seios estão quase inteiramente à mostra fugindo do vestido amarelo vivo rasgado e sujo de graxa pó e sangue, mas Afrodite é a deusa da celebração dos sujos, Afrodite me vê agora mais próximo e convida a que eu participe da festa ao bezerro de ouro dos sujos ela fala, eles serão atingidos pela ira divina só na quarta-feira-de-cinzas, por enquanto me celebram e cantam minha beleza minha carne, santo é o Carnaval senhor da alegria, santa é a simulação da festa, santo é o nome da beleza da carne, santa é a histeria da promiscuidade, santo é o fingimento do encanto, santo santo santo o bloco dos sujos grita num compasso de marcha, santo santo santo eu entôo na minha voz de barítono, ...

Apaixonada por este livro :o) recomendo!



domingo, 17 de março de 2013

"Auto- engano"


Este livro toma como ponto de partida o fenômeno do engano no plano biológico. Mostra como um vírus que altera sua própria estrutura química para iludir o sistema imunológico e como o pássaro que deposita seus ovos em ninho alheio apresentam pontos de contato inesperados com a propaganda enganosa a que assistimos na televisão ou com as artimanhas de um sedutor. Na esfera humana, o engano conta com uma arma poderosa: a linguagem. Entretanto, se enganar outro ser humano é uma ação que pressupõe um descompasso de informação, enganar a si mesmo não seria um impossibilidade lógica? Se posso enganar o outro, é pelo fato de ele não saber algo que conheço. Mas como enganar a mim mesmo, se para tanto parece necessário que eu não saiba o que de fato sei? A aparente contradição é afastada quando percebemos que o fulcro do autoengano está na capacidade que temos de sentir e acreditar sinceramente que somos aquilo que não somos.

“Só engana a si mesmo quem quer”.

Eduardo Giannetti: Nasceu em Belo Horizonte, em 1957. Formou-se em economia e ciências sociais na USP e obteve PhD na Universidade de Cambridge. Atualmente é professor na Faculdade de Economia da USP e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

É excelente !!!


quinta-feira, 7 de março de 2013

A nova mulher

Neste livro,Colasanti inicia a sua reflexão sobre a ‘nova mulher’, tematizando a questão da independência para as mulheres que foram educadas para serem esposas e mães. Através do texto “Independência, que bonita que é”, a escritora põe em questão a valorização do casamento pela sociedade brasileira, tornando privilegiadas as meninas casadoiras e paralelamente desprestigiadas aquelas que, embora não eliminassem a possibilidade de se casarem, não coloca o matrimônio como prioridade ou fim último.
  
Mas a heroina da classe não era eu. Eram as duas meninas, que desde o início do ano exibiam as suas alianças e certezas no futuro, enquanto as outras, menos afortunadas, batiam as estacas de sua segurança na escolha de um bom rapaz, namorado firme. Não erca costume, não ficava bem uma moça de família pensar em independência. (COLASANTI,1980, p.11)

"...quando a gente é independente tem mesmo que arcar com as próprias culpas..." (COLASANTI,1980, p.12)

Uma delícia de livro, recomendo.!!!